ROMANCE ÉPICO
Título original: The Grapes of Wrath
Título em Português: As Vinhas da Ira
Autor: John Steinbeck
Ano de lançamento: 1939
Edição lida: 1992
Páginas: 464
As Vinhas da Ira é um romance sobre a dignidade humana em condições desesperadas. Entre 1930 e 1939, as grandes planícies do Texas e do Oklahoma foram assoladas por centenas de tempestades de poeira que causaram um desastre ecológico sem precedentes, agravaram os efeitos da Grande Depressão, deixaram cerca de meio milhão de americanos sem casa, e provocaram o êxodo de muitos deles para o Oeste, nomeadamente para a Califórnia, em busca de trabalho. Quando os Joads perdem a quinta de que eram rendeiros no Oklahoma, juntam-se a milhares de outros que ao longo das estradas se dirigem para o Oeste, no sonho de conseguirem uma terra que possam considerar sua. E noite após noite, eles e os seus companheiros de desdita reinventam toda uma sociedade: escolhem-se líderes, redefinem-se códigos implícitos de generosidade, irrompem acessos de violência, de desejo brutal, de raiva assassina. Este romance que é universalmente considerado a obra-prima de John Steinbeck é o retrato épico do desapiedado conflito entre os poderosos e aqueles que nada têm, do modo como um homem pode reagir à injustiça, e também da força tranquila e estóica de uma mulher. As Vinhas da Ira é um marco da literatura norte-americana. (Sinopse disponível no Skoob)
Tentei ler esse livro em português ano passado também para o Desafio, mas a versão em ebook que eu tenho tinha uma letra tão minúscula que acabei desistindo no segundo capítulo. Esse ano com a oportunidade de ler algo épico, aproveitei para tentar novamente, já que ele é considerado um épico naturalista também.
Nunca tinha lido nada de Steinbeck, apesar da minha professora de Literatura Inglesa ter me indicado esse autor há anos atrás, e na verdade no início dessa leitura eu achei que não iria gostar ou que acabaria desistindo novamente.
Mas a história deu uma guinada que quando percebi eu queria e precisava terminar o livro. Sabe aqueles livros emocionalmente pesados? Gente, quanta injustiça nesse mundo! Quanta maldade espalhada pela face da Terra! Enquanto eu lia, lembrei muito de Vidas Secas, esse livro tem o mesmo teor dramático da vida dos retirantes nordestinos fugindo da seca. Existe coisa mais triste do que um pai de família ver seus filhos passando fome e não ter como alimentá-los??? Ou uma mãe fazendo o impossível para que o restinho de comida que ela tem possa render e alimentar toda a família???
Resumidamente temos o retrato da sociedade capitalista pós-Grande Depressão de 29. Os ricos se mantiveram ricos enquanto os pobres mendigavam de fazenda em fazenda à procura de trabalho sendo explorados com salários ínfimos e preços exorbitantes. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Quem nunca viu ou leu sobre um monte de laranjas (ou leite ou qualquer outro tipo de alimento) jogado em algum lugar e tocado fogo ao invés de ser doado para quem não tem? Ou alimentos apodrecendo nos barracões do governo?
"Nosso povo é um povo bom; nosso povo é gentil. Peça a Deus que um dia pessoas boas não sejam todas pobres. Peça a Deus que algum dia uma criança possa comer. E a Associação de Donos [das propriedades] sabia que algum dia as orações cessariam. E então seria o fim." (tradução livre do trecho na página 239)
Sei que eu poderia ter feito uma resenha bem mais "científica" sobre esse livro, analisar as simbologias e tal, MAS não! Fiquei tão... impressionada e triste que simplesmente não consigo. Tô fora de forma, né? rsrsrs
Antes que eu comece a chorar aqui em cima do teclado, vou encerrar com uma citação da página 435:
¹Vou me lembrar, Banda Resgate.
Mas a história deu uma guinada que quando percebi eu queria e precisava terminar o livro. Sabe aqueles livros emocionalmente pesados? Gente, quanta injustiça nesse mundo! Quanta maldade espalhada pela face da Terra! Enquanto eu lia, lembrei muito de Vidas Secas, esse livro tem o mesmo teor dramático da vida dos retirantes nordestinos fugindo da seca. Existe coisa mais triste do que um pai de família ver seus filhos passando fome e não ter como alimentá-los??? Ou uma mãe fazendo o impossível para que o restinho de comida que ela tem possa render e alimentar toda a família???
Lembre-se de quem bebeu do fel amargo de uma taça
Que ainda existe quem torça pra assistir a uma desgraça
E dos fariseus, que engordam com aquilo que é nosso
E dos mercenários que cobram pra nos dar o que é de graça¹
Que ainda existe quem torça pra assistir a uma desgraça
E dos fariseus, que engordam com aquilo que é nosso
E dos mercenários que cobram pra nos dar o que é de graça¹
Resumidamente temos o retrato da sociedade capitalista pós-Grande Depressão de 29. Os ricos se mantiveram ricos enquanto os pobres mendigavam de fazenda em fazenda à procura de trabalho sendo explorados com salários ínfimos e preços exorbitantes. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Quem nunca viu ou leu sobre um monte de laranjas (ou leite ou qualquer outro tipo de alimento) jogado em algum lugar e tocado fogo ao invés de ser doado para quem não tem? Ou alimentos apodrecendo nos barracões do governo?
"Nosso povo é um povo bom; nosso povo é gentil. Peça a Deus que um dia pessoas boas não sejam todas pobres. Peça a Deus que algum dia uma criança possa comer. E a Associação de Donos [das propriedades] sabia que algum dia as orações cessariam. E então seria o fim." (tradução livre do trecho na página 239)
Sei que eu poderia ter feito uma resenha bem mais "científica" sobre esse livro, analisar as simbologias e tal, MAS não! Fiquei tão... impressionada e triste que simplesmente não consigo. Tô fora de forma, né? rsrsrs
Antes que eu comece a chorar aqui em cima do teclado, vou encerrar com uma citação da página 435:
"O despedaçamento nunca viria enquanto o medo pode se tornar em ira."
¹Vou me lembrar, Banda Resgate.