TEATRO
Título: A Capital Federal
Autor: Artur Azevedo
Edição em Ebook
Ano da 1° publicação: 1897
Páginas: 64
"Quando eu morrer, não deixarei meu pobre nome ligado a nenhum livro, ninguém citará um verso meu, uma frase que me saísse do cérebro; mas com certeza hão de dizer: "Ele amava o teatro", e este epitáfio moral é bastante, creiam, para a minha bem-aventurança eterna." (Arthur Azevedo - 1903)
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Licença, mas tu era feinho, viu? |
Artur Azevedo foi um dramaturgo, contista, poeta e jornalista cof cof maranhense que cof cof como tantos maranhenses não passou muito tempo em sua cidade natal, no caso do meu conterrâneo Azevedo o babado foi que ele inventou de escrever umas sátiras sobre o povo ludovicense em 1871 e levou um pé na bunda do emprego. Se é difícil arrumar emprego hoje em dia, imagina naquela época, ainda mais que ele era um "escrevedor" ou "escrevinhador", tá bom, tô com palhaçada, o nome do treco que o Artur fazia era AMANUENSE, que significa copista de textos à mão, tá pensando que tinha computador naquela época, haha nem tinha máquina de escrever não, tudo era escrito à mão e claro que nem todos tinham estudado caligrafia para concorrer à essa vaga.
Mas voltando ao assunto, provavelmente Artur Azevedo se injuriou com a mentalidade provinciana da capital maranhense e foi embora para o Rio de Janeiro que vocês sabem era a capital do Brasil na época, a capital federal!
Ao que parece, acho que gostaram do que ele escrevia por aquelas bandas porque ele começou a fazer o maior sucesso escrevendo versos humorísticos e textos para o teatro. E de acordo com a biografia do mesmo, ele chegou e ficou no que é chamado "comédia de costumes" brasileira, ou seja, ele escreveu sátiras sociais que analisavam o comportamento humano e os costumes em um determinado contexto social.
E com isso eu "tropecei" em uma de suas obras, A Capital Federal, que é cheio de personagens estereotipados que representam a sociedade brasileira, principalmente a carioca, da época.
Azevedo nos apresenta uma família da roça aparentemente ingênua e sem noção do que seja a "capitá federá"; um mulherengo viciado em jogo que perde todo o dinheiro; uma cortesã que suga até o último vintém dos babacas que cruzam o caminho dela (bem feito pra eles); outro mulherengo que só gosta de mulatas e depois de usá-las as descarta; um marido que se diz dedicado à famíla que também é um mulherengo de marca maior (esse nem sabe que carrega uma tonelada de chifres na cabeça); etc.
A leitura é tão rápida que você nem percebe e já acabou. Mas não é tão fácil entender a linguagem porque ele utiliza muitas palavras que nem sabemos mais o que significa. Além disso, é possível perceber a influência francesa através de um monte de versos que os personagens recitam durante a peça, eu achei meio estranho, mas acho que naquele tempo era super fashion.
Mas e aí, será que nossa sociedade mudou alguma coisa do fim do século XIX para o século XXI???
Curiosidades:
- Caso você não saiba Artur Azevedo era irmão de Aluísio Azevedo, autor de O Cortiço, O Mulato, entre outros;
- O maior teatro em São Luís é chamado "Arthur Azevedo" (não sei o que esse H tá fazendo aí, mas é assim mesmo) em homenagem ao teatrólogo.