14 de novembro de 2011

Desafio Literário 2011 (Novembro): "A República dos Corvos"

 CONTOS


 Título: República dos Corvos
Autor: José Cardoso Pires
Editora: Dom Quixote
Páginas: 220




Um dos muitos títulos de um dos mais notáveis escritores da língua portuguesa, A República dos Corvos reúne sete contos e foi publicado em 1988. José Cardoso Pires, de quem se escreveu que todos os livros são fábulas, mesmo os romances ou os ensaios, retoma a faceta de contista com que se estreara na publicação (Os Caminheiros e Outros Contos, 1949) e que por essa altura já tinha sido alvo de várias colectâneas. Aqui se incluem alguns textos escritos na década anterior, aquela em que se disse adeus à ditadura e à censura do terrorismo cultural cujos mecanismos Cardoso Pires denunciou num ensaio publicado em Londres. Um dos contos escolhidos para este A República dos Corvos é justamente "dedicado" a Salazar. Escrito na capital britânica em 1970, "Dinossauro Excelentíssimo", curiosamente, é publicado em Portugal logo em 1972. Encontrada uma editora, planeadas as precauções na distribuição, descoberta uma tipografia que aceitasse a tarefa, o livro é mesmo posto à venda e durante uma célebre discussão na Assembleia Nacional acaba a ser dado como exemplo de que há liberdade em Portugal, deixando a censura de mãos atadas. Curioso poderá ser também o facto de Cardoso Pires ter voltado a incluir o "Dinossauro" na colectânea lançada quase uma década depois do fim da ditadura, e onde, nas suas palavras, quis criar uma espécie de zoo "em que o homem se visitasse a si próprio através do animal doméstico ou familiar que ele viciou à imagem das suas corrosões e dos seus mitos." Mas há outros animais neste zoo feito "República". A começar pelos corvos de Lisboa no conto que dá título à colectânea. O corvo da trama, pertencente a uma das últimas verdadeiras tascas da capital e com pouca paciência para aturar bêbados, foi baptizado Vicente como o Santo da lenda da fundação da cidade, que precisou de dois corvos a acompanhá-lo para entrar na História como entrou. Farto das referências ao Santo, é para os lados do Tejo que o Corvo Vicente procura o sossego dos fins de tarde, percorrendo alguns dos caminhos da cidade onde Cardoso Pires não nasceu mas que retratou como poucos. Para além do "Dinossauro" e dos "Corvos", cabem ainda aqui outras aves: "Ascensão e Queda dos Porcos-Voadores"; "As Baratas"; "Lulu"; "Os Passos Perdidos - Informe sobre um Congresso"; e "O Pássaro das Vozes". Caricaturas de um tempo, de todo os tempos, de convenções e hipocrisias que não desaparecem com os regimes nem são privilégios de nenhuma classe, embora possam ter preferências. Sete contos repletos de ironias para descobrir e divertir, na mesma escrita despojada de quem em meio século de letras sempre preferiu pecar por defeito do que por excesso e exigir criatividade ao leitor em vez de o manter passivo. Enquanto ensaísta, romancista, jornalista, dramaturgo e fabulador.(Fonte: SKOOB)

Coincidência que eu tenha começado a ler esse livro no mesmo dia em que o Felipe escreveu sobre bichos falantes. Já no primeiro conto comecei a rir lembrando do post dele.
E apesar do sono que o livro me deu durante a leitura, eu gostei! Sério! Eu sabia que ela estava sendo sarcástico e mega irônico através das personagens, mas eu fiquei voando. Eu achava algumas coisas engraçadas, mas daí eu tentava fazer a conexão e ficava com sono.
Acho que isso aconteceu porque eu não tenho tantos conhecimentos assim sobre a História Portuguesa, principalmente sobre a Ditadura de Salazar. Mesmo assim é possível ter certeza de que o autor está criticando um ditador. 
O conto das Baratas é uma referência a Kafka, não é não? De qualquer forma, foi o mais nojento de todos. Foi como um Joe e as Baratas europeu. Terrível! 
O conto do Dinossauro foi praticamente uma enciclopédia. Chato, arrastado, super longo e o mais legal (desconto para o antagonismo).
Indico para quem nunca ouviu falar do autor e quer conhecer alguma coisa dele. Porque afinal Portugal não é só feito de Saramago e Eça de Queiróz.

Descontrolada (Unglued, de Lysa TerKeurst)

São os adolescentes que andam na calçada como se fossem donos da rua e ainda têm a coragem de me xingar porque um deles esbarrou em mim. ...