27 de novembro de 2012

The n°1 Ladies' Detective Agency, de Alexander McCall Smith

Às vezes, você senta para ver TV à cabo e passa mais tempo pulando de canal em canal, vendo pedaços disso e daquilo, do que realmente assistindo algo do início ao fim. Até que de repente, uma série prende sua atenção. Você lê as informações e fica pensando: Nossa, algo diferente. Quero ver.

Quando eu vi essa série pela primeira vez (acho que em 2009) na HBO, fiquei... mesmerizada. Que história bonita! 
(Infelizmente só teve uma temporada e foi cancelada. Shame on you, HBO!)


O que eu não sabia na época é que era baseada em uma série de livros homônimos. E imediatamente eles entraram para minha lista de Vou Ler.
Oi, DL 2012, não desisti de você não!

 


Título: The n°1 Ladies' Detective Agency
Editora: Anchor
Em português: Agência n°1 de Mulheres Detetives
Companhia das Letras
Autor: Alexander McCall Smith
Ano: 2002
Lançamento: 1998
Páginas: 235




Localizada na pequena Gaborone, em Botsuana, a Agência n°1 de Mulheres Detetives é dirigida pela obstinada e encantadora Preciosa Ramotswe. Seu lema é ajudar as pessoas a resolver os mistérios em suas vidas.
Entre uma xícara e outra de chá de rooibos, uma erva nativa, ela começa por se ocupar de casos usuais, como os de vigaristas em geral e de mulheres desconfiadas dos maridos. Certo dia, porém, depara com um caso espinhoso relacionado ao desaparecimento de uma criança.
Tendo as colinas azuis do deserto de Kalahari como paisagem cotidiana, Preciosa Ramotswe contraria o pessimismo sobre a viabilidade do seu negócio e, com humor e sensibilidade, transforma sua agência de detetives numa empresa de investigação da alma humana. 

Preciosa Ramotswe, ou Mma Ramotswe, é o tipo de mulher que não tem medo da vida ou do que é lançado em seu caminho. Ela é perspicaz e inteligente, e cheia de um humor ótimo para encarar as pequenas coisas do cotidiano como prisão de ventre (uma das partes mais hilárias da história) e o excesso de peso.
O enredo tem a característica da prosa africana (dos que já li): fragmentos, discurso direto, um pouco de História do continente etc. Pode demorar lá no começo quando o narrador está apresentando as personagens e você fica meio que "cadê a ação?"

Mma Ramotswe tinha uma agência de detetives na África, ao pé do Monte Kgale. Estes eram seus bens: uma pequena van branca, duas mesas, duas cadeiras, um telefone e uma máquina de escrever velha. E tinha a chaleira, na qual Mma Ramotswe - a única mulher detetive em Botsuana - fazia chá de rooibos. E três xícaras - uma para ela mesma, uma para sua secretária e uma para o cliente. O que mais uma agência de detetives realmente precisa? Agências de detetives dependem da intuição e inteligência humanas, ambas coisas Mma Ramotswe tinha em abundância. Nenhum inventário jamais conteria essas coisas, claro. (tradução livre)

Não tem como não rir de alguns casos que passam para ela, ou de suas ações investigativas, todas baseadas no livro que ela lê como treinamento. Mas também tem a parte séria, sobre a política, sobre corrupção, sobre coisas das quais você gostaria que seu país fosse liberto, ou sobre a própria dor que Preciosa Ramotswe carrega consigo.
Todos nós temos sonhos que outras pessoas não conseguem ver e acham que estamos perdendo tempo. Todos nós temos arrependimentos, cicatrizes profundas em nossa alma que nunca vão desaparecer. Todos nós temos o nosso lado maluco e livre. Todos nós temos nossas perdas e tristezas.
Eu e você temos sempre a escolha de  nos tornarmos amargos e morrermos ainda vivos, ou podemos fazer como Ramotswe, não desistir e seguir em frente com bom humor mesmo que você sofra de prisão de ventre.

Você tem suas cicatrizes e seus sinais
(...)
Você tem seus segredos
Você tem seus arrependimentos
Querida, todos nós temos.
(Betty - Brooke Fraser)

Alexander McCall Smith nasceu na Rodésia (atual Zimbábue) na África, mas é de descendência escocesa.

Quase esqueci, minha citação preferida no livro:

Mma Ramotswe não queria que a África mudasse. Ela não queria que seu povo se tornasse como os outros, desalmados, egoístas, esquecidos do que significa ser  um africano, ou pior ainda, envergonhados da África. Ela não seria nada, exceto uma africana, nunca, mesmo que alguém chegasse para ela e dissesse: "Aqui está um comprimido (...). Tome e ele vai te transformar em uma americana." Ela diria não. Nunca. Não, obrigada. (tradução livre, p. 215)

Até a próxima leitura!

21 de novembro de 2012

Blogagem Coletiva Antiestupro



MARCAS
Olhou ao redor à procura de um refúgio, de um alívio e não encontrou. 
O que estava mesmo fazendo ali? Por que viera até aquele lugar?
Sentada à sua frente, uma senhora com o rosto machucado olhou para ela. Havia uma espécie de cumplicidade dolorosa naquele olhar. Desviou os olhos para as próprias mãos que retorciam-se nervosamente.
Seu corpo inteiro ainda dolorido e machucado fazia com que seu desconforto piorasse naquele banco duro e frio.  
Duro e frio como agora estava seu coração.
Por que estava ali?
Sua alma angustiada gritava. 
Teve medo. Mais medo do que antes. Acreditariam nela? O que diria a eles? O que fariam? O que aconteceria depois?
Fechou os olhos.
A dor que a impulsionara estava ali bem dentro dela. E o medo por perto, rondando e ameaçando como uma serpente pronta a atacar.
A dor, o medo e as lágrimas.
Queria sair correndo dali. Não estava suportando mais. Queria fugir, esconder-se de tudo e de todos, principalmente da vergonha marcada em seu corpo. Como conseguiria?
Aquela dor dentro dela, perseguindo-a. 
Por mais longe que fosse, a dor permaneceria, e por mais distante, o medo sempre a espreitaria com seus olhos vorazes e impiedosos.
Mas por que viera até ali?
O medo perguntando, querendo uma oportunidade para fazê-la retroceder. E seu corpo de mulher ainda menina dilacerado implorando-lhe que fosse forte, que fosse até o fim.
E a dor…
O que tinha feito de errado?
O medo aproximando-se…
A culpa estaria em si própria?
O medo aproximando-se…
Seu erro foi amar? Amar com suas forças, com sua vida, com todo seu coração e sua alma? 
Ela acreditou no amor dele. Acreditou que estava segura em seus braços e que com ele jamais se machucaria.
Porém, o cheiro um dia amado, agora estava em seu corpo enojando-a. As mãos antes cheias de carinho, agora só lembravam a dor. A boca dele, o corpo dele contra o seu, forçando-a.
Sua tentativa. Sua luta. Sua derrota.
O corpo dele sobre o seu, destruindo-a, depositando dentro dela a dor dilacerante sem se importar com suas lágrimas, seus apelos desesperados, seus sonhos, sua vida, seu amor.
Machucada. Humilhada. Profanada. Violada.
Desejou a morte daquela dor que resistiu, que persistiu, que a marcou com suas brasas. 
As marcas de sua condição como mulher. As marcas do estigma. As marcas da vergonha. As marcas da humilhação sofrida. As marcas da violência.
“Maria dos Santos.”
A dor que a levou até ali não a faria voltar atrás.
Abriu os olhos ao som de seu nome e encaminhou-se à funcionária que o pronunciara. A mulher pediu que ela falasse. O medo a olhou e ela vacilou. 
Não sabia como dizer. A funcionária olhou dentro de seus olhos encorajando-a.
Ela respirou fundo enquanto, dentro de si, tentou juntar os pedaços de sua alma estilhaçada. 
O medo afastou-se lentamente.
Maria denunciou.
AMG. São Luís, abril de 2004.

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Esse post faz parte da Blogagem Coletiva "Vá se arrumar que hoje vou lhe usar". No dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, haverá um post de fechamento, com todos os links que participaram. Ainda dá tempo. Participe e divulgue.

Read more: http://www.comtudooquesou.com/#ixzz2CuRZaMsm
Este post faz parte da Blogagem Coletiva Antiestupro "Vá se arrumar que hoje vou lhe usar" promovido pelo Com tudo o que sou. No dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, haverá um post de fechamento com todos os links que participaram. Participe e divulgue!
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19 de novembro de 2012

Hello 2.9!

Daquela viagem
Começo agora a me lembrar
Enquanto eu via
O que eu tinha que deixar
Você tocou o meu ombro e se apresentou

(...)
Ah, saudade você sempre chega
Quando eu já te esqueci
Ah, saudade em breve eu retornarei
E você vai sumir

(Saudade - Sandy Leah)

Que ando em uma semicrise [?] não é mais novidade. Os números na minha data de nascimento não parecem fazer sentido. Foi-se o tempo em que eu era quase sempre a mais nova em grupo de amigos e colegas. Hoje em dia, se duvidar, sou a mais ve... aaaaaaah ...lha.
É estranho porque dentro de mim, aqui na minha cabeça, continuo me sentido como quando eu tinha 20, não 21, 22 é melhor.
Eu ia escrever sobre "quem essa que me olha no espelho", mas esse post mudou radicalmente (antes de ser escrito) por causa de algo que... eu não estava esperando.

Eu AMO fazer surpresas paras as pessoas. Gosto de organizar, de checar os detalhes, de inventar a desculpa e tal. Mas o mais legal mesmo é a cara da pessoa quando finalmente percebe o que está acontecendo. Poder observar em primeira mão a reação da pessoa é o máximo.

Não tive muitas surpresas na vida porque sou naturalmente desconfiada, e geralmente eu descobria as coisas. Mas dessa vez, talvez porque meus reflexos estejam ficando mais lentos por causa das dores nas costas e nas pernas, sei lá, nem por um momento eu imaginei que minha família se juntaria a alguns dos meus amigos e me fariam desidratar com uma homenagem em vídeo no estilo "Arquivo Confidencial" do Faustão.

Então, pronto, "caiu" no Youtube, agora vocês vão saber alguns dos meus segredos, apelidos, e bainha de facão coisas que marcaram esses 28, cof cof, anos de vida. E vão confirmar que ser chorona é hereditário, né?
E gente, eu já disse que amei a surpresa? AMEI A SURPRESA! Amo vocês e pode até não parecer, mas sim, morro de saudade de vocês!!!
Meu agradecimento especial à minha mãe e Maya pela organizacão. Agora preciso de muita água de coco, viu?

PARTE 1

PARTE 2



8 de novembro de 2012

Vale a pena ouvir #3

Ela já é aquela de 30 (33 na verdade!). Quem não lembra daquela menina de 20 e poucos anos, tocando seu piano, toda tímida, quase sem maquiagem e cantando Don't Know Why?
Desde Come Away With Me, eu sou uma fã contida e discreta da Norah Jones. Sim, sou melancólica e amo essas músicas que posso colocar de fundo quando estou fazendo alguma coisa, ou fazendo nada. E gente, assim como eu, a Norah disse uma vez que ela preferia ficar em casa do que ir para festas e por isso, às vezes, ela se sentia uma jovem senhora. [mega blast sorrisão]
Por isso economizei todos os meus centavinhos de professora e fui nas Americanas comprar o Feels Like Home depois. Já o Not Too Late só fui ouvir com calma quando eu já tinha defendido monografia, me formado e viajado; praticamente um ano depois do lançamento.

Porém com The Fall, eu meio que me senti perdida. Ela veio com um som um tanto mais "pop" e cabelo curto que me deixou confusa. E aquela letra de Young Blood que eu não entendo e nem adianta traduzir que não faz sentido nenhum? O que aconteceu, Norah?
Com o tempo superei a estranheza e me apaixonei por aquele jeito de mandar o carinha lá tomar um bom banho e voltar pra mamãezinha em Tell Your Mama. E sim, consegui ouvir o CD todo até cansar.
Amo a sutileza de músicas que falam da dor de perder um amor sem querer morrer e implorar. Talvez por eu ter sido muito dramática durante um período da minha vida, hoje eu gosto das entrelinhas e da volta por cima sem descer do salto. Escândalo pra quê?
Ah, de acordo com a fofoca oficial, esse foi o primeiro CD que saiu depois que o namoro de 7 anos dela com aquele carinha que tocava baixo e também era produtor nos três primeiros CD's acabou. Por que não pode ser fácil, né colega?
Mesmo assim, senti (e ainda sinto) falta do sarcasmo de My Dear Country.

E 2012 trouxe ...Little Broken Hearts

11- Miriam



Assim que saiu o single Happy Pills eu comentei que até a Norah tinha se rendido a essas músicas de dor de cotovelo do momento e que eu não botava muita fé nisso não.
Mas eu ouvi o CD inteiro e, fala sério, que músicas são essas, mulher?
Ela fez com que músicas sobre perda de um amor, traição, relacionamentos que não dão certo, etc, ficassem tão boas que dá até dor na consciência. Ou vai me dizer que uma música sobre um assassinato era pra ser tão legal assim? 

Agora, eu não sou do tipo ciumenta
Nunca fui do tipo que mata
Mas você sabe que eu sei o que você fez
Então não lute
(...)
Quando você estava se divertindo
Na minha grande e bonita casa
Você pensou duas vezes?
(Miriam)

Se puderem vejam o vídeo dessa música acima e reparem naquele olhar da Norah. O mesmo olhar pode ser visto no vídeo de Happy Pills, que é uma música sobre dar a volta por cima e se livrar de um relacionamento que só te leva pra baixo e te faz sofrer. Amei o filmezinho!

Nunca disse que seríamos amigos
Tentando me manter longe de você
Porque você é notícia ruim, ruim.
(...) 
Você quebrou todas as regras
Não vou ser mais a idiota pra você, meu querido (*-*)


Ela canta até sobre ser "trocada" por uma mulher mais nova (deveria ter uma sobre ser trocada por uma mulher mais velha também hehehe)

Ela tem 22
E ela está te amando
E você nunca vai saber o quanto isso me deixa triste
Isso te faz feliz?
(...)
Você vai só jogar fora
Cada palavra que eu disser
Você pode jogar fora.
Ela te faz feliz? 
Eu gostaria de te ver feliz.
(She's 22)

Dá para colocar mais esse CD no play automático e ouví-lo tomando um chocolate quente enquanto a chuva cai lá fora. Para quem está com calor, tome caldo de cana geladinho.
Apenas lembrem que músicas também contêm altas doses de ficção e aproveitem!
Quem mais gosta dela?

5 de novembro de 2012

Quinto bimestre (e penúltimo?) de 2012 - leituras

Nem dá pra acreditar que só faltam mais DOIS meses para o ano acabar! Sério!
De qualquer forma, esses foram os livros do bimestre que fizeram a minha fila de "vou ler" andar lentamente :-p


3 de novembro de 2012

Blogagem Coletiva: "Minha Jornada... Até Agora" - Presentes


Tenho que dizer que AMEI cada texto que fez parte da festa de aniversário por aqui. Adorei a criatividade de vocês que puderam participar com textos tão legais. Teve homenagem a Carlos Drummond de Andrade, teve uma jornada da criação (de um blog), teve jornada descrita com substantivos, teve keep calm and... escreva um post para a blogagem coletiva, e teve jornada de descoberta sobre o tempo que vai e não volta.

Claro, um blog com "memórias" no nome não poderia deixar de celebrar a vida, as lembranças, aquilo que nos faz ser quem somos. E mesmo quando as coisas não aconteceram exatamente como você e eu planejamos, keep calm, não entre em pânico, não podemos deixar de sonhar e continuar essa caminhada de crescimento e amadurecimento (cof, cof).

Não sei se foi coincidência, mas nessa festa de CINCO anos, com CINCO presentes para sortear, CINCO pessoas participaram e essas CINCO pessoas vão ganhar presente \o/
Sei que nem todo mundo gosta do Random, mas vou utilizá-lo para sortear os presentes na ordem em que eles aparecem nesse post AQUI. Ou seja, o primeiro número leva o CD; o segundo e o terceiro um exemplar do livro cada; o quarto e o quinto os "vale-livros".
E o seu número é aquele que aparece no link da sua postagem AQUI.
Combinado?

E os ganhadores foram...







Interrompemos nossa programação por causa de falha técnica em nosso sistema...







Brincadeirinha... Não fiquei sem energia não, apesar de que, eu contei pra vocês as "desaventuras" desses dias de pós furacão "Sêndy"? Não? 






Nossa! É uma longa história, nem sei por onde começo.






Pelo começo? Claro, por que não pensei nisso antes?










Não resisti!












TCHARAM!!!




Por favor, enviem ou confirmem seus endereços pelo email liline.gomes@hotmail.com o mais rápido possível. 
Felipe e Tânia, além do endereço, vocês devem escolher o livro que vocês querem no site betterworldbooks.com (valor de até $5). Enviem o link no mesmo email.
Se vocês quiserem trocar seus respectivos presentes, conversem entre si e me avisem ANTES que eu confirme o envio, certo? ;-)

PARABÉNS!!! E muito obrigada por participarem comigo desses cinco anos de caminhada.

Descontrolada (Unglued, de Lysa TerKeurst)

São os adolescentes que andam na calçada como se fossem donos da rua e ainda têm a coragem de me xingar porque um deles esbarrou em mim. ...