12 de junho de 2013

O silêncio

Por que nos sentimos desconfortáveis com o silêncio? Por que precisamos preencher o silêncio com palavras?
E esse desconforto só aumenta quando nos deparamos com a morte. Já perceberam os diferentes tipos de conversas que acontecem em velórios? É como se todo mundo ficasse desconfortável com o silêncio da morte.
Mas se pararmos para pensar, a morte é uma das coisas para a qual não existem palavras.
"Nem sei o que dizer."
"Não existem palavras para descrever..."
Bem assim.

Hoje fiquei sabendo que uma senhora, jovem senhora, da minha igreja no Brasil perdeu a batalha contra o câncer. A família vai ouvir o silêncio sendo preenchido por todo tipo de palavras. Sei que na maioria, são palavras bem-intencionadas, mas mesmo assim não vão fazer muita diferença nesse primeiro momento. 
A verdade é que não sabemos o que fazer diante da morte, por isso abrimos nossa boca e tentamos encaixar palavras em espaços, buracos, mas elas não cabem lá, não são suficientes.
"Vocês podem contar comigo sempre."
"Vamos cuidar de vocês pra sempre."

Sempre é uma palavra muito forte. Forte e mentirosa.
Gente, a vida acontece. Em outras palavras, a vida continua. No começo sim, quase todo mundo ajuda e está presente, mas aí o tempo passa, a vida acontece e um dia, as pessoas em luto vão acordar e ter que encarar aquele dia sozinhas, sem ninguém e com certeza sem o tão prometido sempre. Isso é normal! É a vida! Por isso sou defensora de quanto menos se falar é melhor. E nada de promessas.

Confesso que depois de tantos anos, o que mais me lembro do velório do meu pai não são as tantas palavras proferidas pelas mais diferentes pessoas. O que mais lembro é o silêncio. Algumas pessoas compartilharam o silêncio comigo e essa é uma das memórias mais vívidas que tenho daquele dia.
Só para citar um exemplo, nunca esqueci quando meu amigo Renato se aproximou de mim naquele dia ao lado do caixão, colocou uma mão no meu ombro e não disse nada. Apenas silêncio e lágrimas.
Até hoje aquele foi um dos gestos que mais me marcaram. Houve outras coisas, claro, mas o silêncio de um amigo valeu mais do que mil palavras que ele poderia ter dito.
(Renato tinha perdido a mãe dele alguns anos antes).

Então para a família da Dilene: Não tenho palavras para oferecer a vocês. Só tenho um abraço e o silêncio.

Descontrolada (Unglued, de Lysa TerKeurst)

São os adolescentes que andam na calçada como se fossem donos da rua e ainda têm a coragem de me xingar porque um deles esbarrou em mim. ...