30 de outubro de 2013

The Devil Has No Mother, de Nicky Cruz

Quando eu era professora de inglês lá na terrinha, uma das coisas que eu menos gostava era da última semana de outubro, especificamente do dia 31. Nas escolas grandes e cursos eu até conseguia me "livrar", mas em uma escola pequena, sendo a única professora de inglês do quadro de professores, a responsabilidade era toda e completamente minha de organizar a tal "Festa de Halloween". Essa é uma das coisas nessa vida com que realmente Não Sei Lidar.
Eu sei que as crianças ADORAVAM tudo aquilo, mas eu ficava com cara de tacho e nunca mesmo coloquei uma fantasia sequer. (Uma vez peguei duas professoras cochichando sobre mim, mas fingi que não ouvi). Eu explicava sobre a questão cultural americana bem superficialmente, e em menos de 5 minutos tudo que eles queriam eram os doces. Então, tá.
Tudo é uma questão bem pessoal, gente. Não vou relatar a origem e o significado do "Dia das Bruxas" (Wikipédia taí), mas para mim é algo que faço questão de não me envolver e participar, exatamente por não concordar com o conteúdo e o que tudo aquilo realmente significa.
Algumas pessoas acham que não tem problema algum, que é só uma festinha, que as crianças precisam se divertir, etc. Tudo bem, sem problema, mas tenho o direito de discordar.
E só para "jogar mais lenha na fogueira", gostaria que você deixasse SUA opinião nos comentários abaixo: Há algum problema em celebrar o "Halloween"? Por quê?

Tá, Aline, mas o que isso tem a ver com o livro que você leu?


Título: The Devil Has No Mother*
Autor: Nicky Cruz
Editora: Worthy Publishing
Ano:2013
Páginas: 256
Comprar: Amazon / ChristianBook


Nicky Cruz knows all about the power of the devil. Since his own dramatic conversion in the 1960's from a life of crime as a New York gang leader, he has met and heard the stories of suffering of many ordinary people, as well as some of the worst prisoners in high security prisons around the world.
Drawing on his spiritualist childhood, his life in New York, and his knowledge and experience of over four decades of spiritual warfare since that time, The Devil Has No Mother shares Nicky Cruz's hard-won understanding of how the devil will try everything possible to gain power in this world - but also shows clearly that it is God who will win the day.
THE DEVIL IS WORSE THAN YOU THINK, BUT GOD IS MUCH, MUCH GREATER.


Escolhi postar sobre The Devil Has No Mother hoje propositalmente por causa de amanhã. E também porque acredito que a temática do livro é pertinente e atual.
Desde sempre um dos temas sempre encontrado na Literatura é a luta entre o BEM e o MAL. Em alguns gêneros isso é mais claro do que em outros, mas é por isso que existem vilões e mocinhos. A Bíblia, por ser um conjunto de livros, está cheia dessa temática. Até Criminal Minds!
Enfim, mas saindo da literatura e afins, nossa vida é sempre uma luta entre o BEM e o MAL. E quer você acredite ou não, existe um mundo espiritual que cerca este mundo físico o tempo inteiro. Existe uma batalha entre o BEM e o MAL, e essa batalha está sendo travada pela nossa alma. 
Eu sei que tem gente que não acredita que o Diabo  existe e outros que acreditam até demais. Os dois extremos podem causar problemas.

O livro inicia questionando por que existe tanta maldade no mundo, o que/quem causa. A parte 1 fala sobre a batalha que citei acima. A parte 2 fala sobre quem é o Diabo (e o que ele pode e não pode fazer). A parte 3 fala sobre Deus e quem Ele é. E a parte 4 se concentra em nossa guerra espiritual.
Eu não tinha uma ideia exata do que eu estaria lendo quando escolhi esse livro, mas o título me chamou a atenção. Uma das coisas boas sobre essa leitura é que dá para perceber que o autor é centrado e bem equilibrado em suas colocações. E quando ele expressa uma opinião pessoal, ele deixa bem claro e explica seus motivos. Por exemplo, há uma parte  em que ele fala sobre coisas que acreditamos ser "inofensivas" e que estão presentes em nossa cultura, literatura, TV, etc. O autor cita alguns livros e autores (muitos que eu já sabia ou já tinha lido a respeito) e explica seu ponto de vista, afirmando que ele acredita ser um ataque direto às famílias e principalmente às crianças.

Outro ponto no livro é sobre como a Igreja se tornou apática e não está cumprindo seu papel e a mensagem cristã se tornou vazia. Gostamos de falar sobre bençãos, prosperidade, bondade de Deus, mas esquecemos que Ele não prometeu  uma vida aqui na Terra livre de conflitos e sofrimentos. Os ataques não estão limitados à certas pessoas. TODOS nós vamos ser atacados e sofrer oposição.
O livro também fala sobre a questão das doenças (uma questão que geralmente gera muita confusão.). Será que toda doença vem do Diabo como alguns defendem? (não vou responder nem compartilhar a resposta do autor). E ele faz a distinção entre opressão diabólica e depressão.
O autor oferece algumas soluções para que nossa batalha não seja tão mais difícil do que já é, sendo a oração uma das principais armas nessa guerra. "O Mal será derrotado por um exército de joelhos".
E pode até parecer que tudo isso não tem jeito, já que sabemos que essa luta vai ser travada por toda a vida, mas sabendo que o mais importante é "viver todos os momentos na graça e misericórdia de Deus, deixando que o Espírito nos leve onde podemos fazer o melhor." E a gente já sabe que no fim das contas, Deus é muito mais poderoso e a guerra já foi vencida.

SOBRE O TÍTULO: 
"Ese hombre no tiene madre" é uma expressão em espanhol usada para se referir a meninos inclinados para o mal e destruição. Por isso o autor escolheu essa expressão como título do livro para descrever quem o Diabo realmente é.


Deixem seus comentários sobre o assunto e não esqueçam de responder as perguntas que coloquei em negrito ao longo do texto (eu realmente quero saber o que vocês pensam).
A editora disponibilizou dois exemplares do livro, vou sorteá-los entre os comentaristas para comemorar o aniversário do blog (que é hoje!).




*Worthy Publishing provided me a copy of the book for free for this review.

25 de outubro de 2013

Cicatrizes

Quem tem alguma cicatriz levanta a mão o/. Você tem alguma história sobre como “ganhou” sua(s) cicatriz(es)?
Tenho uma cicatriz rosada na coxa esquerda de quando me queimei com café(!) em 2006.  Nessa mesma coxa tenho uma cicatriz de quando me cortei com arame farpado por volta dos 5 anos de idade. Tenho uma cicatriz na palma da mão direita de quando caí aprendendo a andar de bicicleta. Tenho outra na canela esquerda de quando me machuquei num dos brinquedos de um acampamento de dia das crianças. A cicatriz mais antiga que tenho é na sobrancelha esquerda. De acordo com minha mãe caí da cadeira quando tinha uns 3 anos. Vocês acham que são muitas? É porque não conhecem um dos meus irmãos. Ele quebrou a cabeça duas vezes (que eu lembro). Quebrou o dedo do pé jogando futebol. Ele perfurou o canto do olho com um lápis! Talvez a pior de todas foi quando ele cortou o antebraço em arame farpado num retiro. Todos esses machucados o levaram para o hospital e a maioria teve que ser ponteada. Eu só fui pro hospital por causa da queimadura, então ainda estou no lucro.
Essas cicatrizes que mencionei são aquelas que machucam temporariamente, mas depois elas curam e só ficam as marcas para a gente lembrar e comparar quem era mais teimoso na infância. 

 O corte é fundo, mas nunca profundo o bastante para mim
 Não machuca o suficiente para me fazer esquecer.
 Um momento de alívio nunca dura o bastante
 Para fazer com que as vozes na minha cabeça não roubem minha paz

Existem outras cicatrizes e machucados que são mais complicados. Certas cicatrizes não são visíveis, mas elas existem e podem causar muitos problemas emocionais e psicológicos.  Como é o caso da Kirsten.
Kirsten, assim como 99% da humanidade, sofre com culpa e vergonha. O leitor não consegue identificar logo de cara do que se trata exatamente, mas dá pra perceber que a garota tem muitos problemas emocionais que se acumulam até o fatídico dia em que seu namoro vai para as cucuias.

 Posso parecer louca
 Ou dolorosamente tímida
E essas cicatrizes não estariam tão escondidas
 Se você apenas me olhasse nos olhos
 Me sinto sozinha e fria aqui
 Mesmo não querendo morrer
 Mas é o único anestésico que me faz sentir algo morrer por dentro

Wes, o namorado, é completamente sem noção.  Mas a família (desestruturada) da Kirsten também não fica atrás.
O livro me fez pensar em quantas vezes carregamos tanta coisa dentro da gente, tanta culpa e vergonha por coisa que fizemos, que nos fizeram, e não conseguimos nos redimir, até que um dia tudo parece explodir e desabamos. 
Nunca cometi automutilação e nunca conheci pessoalmente alguém que sofresse com isso, mas como é algo tão profundo e pessoal, não acho que ficaria tão claro assim. Por exemplo, Kirsten não corta os braços como é comum para quem sofre desse distúrbio, ela escolhe partes do seu corpo que outras pessoas não vão ver facilmente, como as coxas, os ombros, a barriga. O que é mais perturbador talvez é que ela sabe exatamente quando e porquê ela fez cada corte.

 Não sou uma estranha
 Não, sou sua
 Com tanta raiva
E lágrimas dolorosas que ainda caem
 Mas não quero ter medo
 Não quero morrer por dentro só para conseguir respirar
 Estou cansada de não sentir nada
 Alívio existe e encontrei quando
 Me cortava

O livro me fez refletir sobre o fato de que somos capazes de criar outros métodos de “mutilação” para lidar com a culpa e a vergonha. Não apenas a automutilação.
E que um dos maiores problemas que essas pessoas sofrem é que ou elas são taxadas como suicidas ou como pessoas que só querem chamar atenção para si mesmas (como a mãe da Kirsten acredita). Eu acho que é mais uma forma de pedir socorro, mas sem saber como.
Kirsten inicia seu processo de restauração de uma forma bem inusitada, mas que serve de lição para todos nós. Enquanto ficarmos escondendo todos esses sentimentos sem encará-los de frente, somos nós mesmos e aqueles próximos a nós que se machucam. E claro, para Deus não existe nada, nada mesmo que não possa ser redimido.
“Tente ouvir o eco de Deus. É onde a terapia começa.” (p.126)

 Existiam cicatrizes antes das minhas
 O Amor escrito nas mãos que colocaram as estrelas no céu
 A Esperança vivendo no sangue que foi derramado por mim


Título: The Merciful Scar*
Autoras: Rebecca St. James & Nancy Rue
Editora: Thomas Nelson
Ano: 2013
Páginas: 355 
Comprar: Amazon / ChristianBook 


Kirsten has spent her life trying to forget. But mercy begs her to remember.
When she was in high school, a terrible accident fractured her family, and the only relief Kirsten could find was carving tiny lines into her skin, burying her pain in her flesh. The pain she caused herself was neat and manageable compared to the emotional pain that raged inside.
She was coping. Or so she thought.
But then, eight years later, on the night she expects her long-time boyfriend to propose, Kirsten learns he's been secretly seeing her best friend. Desperate to escape her feelings, she reaches for the one thing that gives her a sense of control in the midst of chaos.
But this time the cut isn't so tiny, and it lands her in the psych hospital. Within hours of being there she knows she can't stay--she isn't crazy, after all. But she can't go back to the life she knew before either.
So when her pastor mentions a treatment program on a working ranch, Kirsten decides to take him up on the offer and get away from it all. But the one thing she can't escape is herself--and her shame.
The ranch is home to a motley crew, each with a lesson to teach. Ever so slowly, Kirsten opens herself to embrace healing--even the scarred places that hurt the most. Mercy begs her to remember the past . . . showing her there's nothing that cannot be redeemed.

Músicas citadas (clique para ouvir):
Control – JJ Heller
Cut – Plumb  

Outros livros que tratam sobre o assunto (que já li):
Cut – Patricia McCormick
Handle with Care – Jodi Picoult.




* Recebi esse livro gratuitamente através do Programa BookSneeze®  especificamente para esta resenha.

Descontrolada (Unglued, de Lysa TerKeurst)

São os adolescentes que andam na calçada como se fossem donos da rua e ainda têm a coragem de me xingar porque um deles esbarrou em mim. ...